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terça-feira, 6 de março de 2012

HISTÓRIA DE AMOR : O ATEU

Conta-se que um farmacêutico se
dizia ateu e vangloriava-se de seu
ateísmo. Deus, com certeza,
deveria ser uma quimera, uma
dessas fantasias para enganar a
pessoas incautas e menos letradas.
Talvez alguns mais desesperados
que necessitassem de consolo e
esperança.
Um dia, no quase crepúsculo, uma
garotinha adentrou sua farmácia.
Era loira, de tranças e trazia um
semblante preocupado. Estendeu
uma receita médica e pediu que a
preparasse.
O farmacêutico, embora ateu, era
homem sensível e emocionou-se
ao verificar o sofrimento daquela
pequena, que, enquanto ele se
dispunha a preparar a fórmula,
assim se expressava:
Prepare logo, moço, o médico
disse que minha mãe precisa com
urgência dessa medicação.
Com habilidade, pois era muito
bom em seu ofício, o farmacêutico
preparou a fórmula, recebeu o
pagamento e entregou o embrulho
para a menina, que saiu apressada,
quase a correr.
Retornou o profissional para as
suas prateleiras e preparou-se para
recolocar nos seus lugares os
vidros dos quais retirara os
ingredientes para aviar a receita.
É quando se dá conta, estarrecido,
que cometera um terrível engano.
Em vez de usar uma certa
substância medicamentosa, usara a
dosagem de um violento veneno,
capaz de causar a morte a
qualquer pessoa.
As pernas bambearam. O coração
bateu descompassado. Foi até a
rua e olhou. Nem sinal da
pequena. Onde procurá-la? O que
fazer?
De repente, como se fosse tomado
de uma força misteriosa, o
farmacêutico se indaga:
E se Deus existir...?
Coloca a mão na fronte e em
desespero clama:
- Deus, se existes, me perdoa. Faze
com que aconteça alguma coisa,
qualquer coisa para que ninguém
beba daquela droga que preparei.
Salva-me, Deus, de cometer um
assassinato involuntário.
Ainda se encontrava em oração,
quando alguém aciona a
campainha do balcão. Pálido,
preocupado, ele vai atender.
Era a menina das tranças
douradas, com os olhos cheios de
lágrimas e uns cacos de vidro na
mão.
- Moço, pode preparar de novo,
por favor? Tropecei, cai e derrubei
o vidro. Perdi todo o remédio.
Pode fazer de novo, pode?
O farmacêutico se reanima.
Prepara novamente a fórmula, com
todo cuidado e a entrega, dizendo
que não custa nada. Ainda formula
votos de saúde para a mãe da
garota.
Desse dia em diante, o
farmacêutico reformulou suas
idéias. Decidiu ler e estudar a
respeito do que dizia não crer e
brincava.
Porque embora a sua descrença,
Deus que é Pai , atendeu a sua
oração e lhe estendeu a Sua
misericórdia.

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