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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

TRABALHO ESCOLAR:DENGUE

Cives
Centro de
Informação
em Saúde
para
Viajantes
Dengue: perguntas &
respostas
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Fernando S. V. Martins & Terezinha
Marta P.P. Castiñeiras
1. O que é dengue?
É uma virose transmitida por um tipo
de mosquito (Aëdes aegypti) que
pica apenas durante o dia, ao
contrário do mosquito comum
(Culex), que pica de noite. A infecção
pode ser causada por qualquer um
dos quatro tipos (1, 2, 3 e 4) do vírus
do dengue, que produzem as
mesmas manifestações. Em geral, o
início é súbito com febre alta, dor de
cabeça e muita dor no corpo. É
comum a sensação de intenso
cansaço, a falta de apetite e, por
vezes, náuseas e vômitos. Podem
aparecer manchas vermelhas na
pele, parecidas com as do sarampo
ou da rubéola, e prurido (coceira) no
corpo. Pode ocorrer, às vezes, algum
tipo de sangramento (em geral no
nariz ou nas gengivas). O dengue*
não é transmitido diretamente de
uma pessoa para outra.
2. O que deve ser feito e quais
cuidados são importantes para
uma pessoa que acha que está
com dengue?
Procurar um Serviço de Saúde logo
no começo das manifestações.
Diversas doenças são muito
parecidas com o dengue, e têm
outro tipo de tratamento.
Informar ao médico se estiver em
uso de qualquer remédio. Alguns
medicamentos utilizados no
tratamento de outras doenças
(Marevan®, Ticlid® etc.) podem
aumentar o risco de sangramentos.
O tratamento do dengue é feito com
hidratação. Beber bastante líquido,
evitando-se as bebidas com cafeína
(café, chá preto). Não é preciso fazer
nenhuma dieta.
Os medicamentos não alteram a
evolução do dengue e são
empregados apenas para atenuar as
manifestações da doença (dor,
febre).
Não tomar remédios por conta
própria. Todos os medicamentos
podem ter efeitos colaterais e alguns
que podem até piorar a doença.
Não tomar nenhum remédio para
dor ou para febre que contenha
ácido acetil-salicílico (AAS®,
Aspirina®, Melhoral® etc.) - que
pode aumentar o risco de
sangramento.
Os antiinflamatórios (Voltaren®,
Profenid® etc.) também não devem
ser utilizados como antitérmicos pelo
risco de efeitos colaterais, como
hemorragia digestiva e reações
alérgicas.
Os remédios que contém dipirona
(Novalgina®, Dorflex®, Anador®
etc.) devem ser evitados sem
prescrição médica, pois podem
diminuir a pressão ou, às vezes,
causar manchas de pele parecidas
com as do dengue.
O paracetamol (Dôrico®, Tylenol®
etc.), mais utilizado para tratar a dor
e a febre no dengue, deve ser
tomado rigorosamente nas doses e
no intervalo prescritos pelo médico,
uma vez que em doses muito altas
pode causar lesão hepática.
3. Como é feito o diagnóstico de
dengue?
O diagnóstico inicial de dengue é
clínico (história + exame físico da
pessoa) feito essencialmente por
exclusão de outras doenças. É muito
importante, por exemplo, saber se a
pessoa não está com doença
meningocócica (meningite ou
meningococcemia) ou leptospirose
que são tratáveis com antibióticos.
Feito o diagnóstico clínico de
dengue, alguns exames
(hematócrito, contagem de
plaquetas) podem trazer informações
úteis quando analisados por um
médico, mas não comprovam o
diagnóstico, uma vez que também
podem estar alterados em várias
outras infecções. A comprovação do
diagnóstico, se for desejada por
algum motivo, pode ser feita através
de sorologia (exame que detecta a
presença de anticorpos contra o
vírus do dengue), que começa a ficar
reativa ("positiva") a partir do quarto
dia de doença.
4. É necessário esperar o resultado
de exames para iniciar o
tratamento?
Não. Uma vez que, excluídas
clinicamente outras doenças, o
dengue passa a ser o diagnóstico
mais provável, os resultados de
exames (que podem demorar muito)
não podem retardar o início do
tratamento. O tratamento do
dengue é feito, na maioria das vezes,
com uma solução para reidratação
oral (disponível nos Serviços de
Saúde), que deve ser iniciada o mais
rápido possível.
5. A comprovação do diagnóstico
de dengue é útil para o tratamento
da pessoa doente?
Não. A comprovação sorológica do
diagnóstico de dengue poderá ser
útil para outras finalidades (vigilância
epidemiológica, estatísticas) e é um
direito do doente, mas o resultado
do exame comumente estará
disponível apenas após a pessoa ter
melhorado, o que o torna inútil para
a condução do tratamento. O exame
sorológico também não permite
dizer qual o tipo de vírus que causou
a infecção (o que é irrelevante) e
nem se o dengue é "hemorrágico".
Quando o exame sorológico é
realizado logo no começo da
doença, um resultado "negativo"
não permite afastar o diagnóstico de
dengue. Nesse caso é necessária
uma segunda amostra colhida, em
geral, cerca de duas semanas após a
primeira. Uma única amostra colhida
após o décimo dia de doença
permite uma certeza maior se o
resultado for "negativo". O exame
sorológico permite detectar uma
infecção recente por cerca de dois
meses, e poderá ser realizado
mesmo após a pessoa ter ficado
curada (nesse caso basta apenas
uma amostra de sangue). Em
qualquer dessas situações, o
diagnóstico estará confirmado se o
exame for "positivo".
6. O que é dengue "hemorrágico"?
Dengue "hemorrágico" é a forma
mais grave da doença. Apesar do
nome, que é impreciso, o principal
perigo do dengue "hemorrágico"
não são os sangramentos, mas sim a
pressão arterial muito baixa
(choque). É importante saber que
outras doenças podem ser muito
parecidas com o dengue. Na doença
meningocócica, por exemplo, a
pessoa fica grave muito mais rápido
(logo no primeiro ou segundo dia de
doença) do que no dengue.
O dengue pode se tornar mais grave
apenas quando a febre começa a
diminuir. O período mais perigoso
está nos três primeiros dias depois
que a febre começa a desaparecer.
Pode aparecer qualquer uma destas
alterações:
dor no fígado (nas costelas, do
lado direito)
tonteiras, desmaios
pele fria e pegajosa, suor frio
sangramentos
fezes escuras, parecidas com borra
de café
7. O que fazer se aparecer
qualquer um destas
manifestações?
Procurar imediatamente o Centro
Municipal de Saúde, a Unidade de
Pronto-Atendimento ou o Hospital
mais próximo.
8. O dengue "hemorrágico" só
ocorre em quem tem dengue pela
segunda vez?
Não. A forma grave do dengue
também pode ocorrer em quem tem
a doença pela primeira vez.
9. O dengue "hemorrágico" é
obrigatório em que tem a doença
pela segunda vez?
Não. O risco é maior do que na
primeira infecção, mas a imensa
maioria das pessoas que têm a
doença pela segunda ou terceira vez
não apresenta a forma grave do
dengue.
10. O que é a "prova do laço"?
É um procedimento (obsoleto)
realizado com o aparelho de pressão,
na tentativa de verificar fragilidade
dos capilares (pequenos vasos
sangüíneos). O aparelho é mantido
inflado por cinco minutos em uma
pressão intermediária entre a
máxima e a mínima (o que pode ser
desconfortável), com o objetivo de
verificar a produção de petéquias
(pequenos pontos avermelhados). É
considerado positivo quando
aparecem mais de 20 petéquias por
polegada quadrada (cerca de 2,5
cm2).
11. A "prova do laço" é útil no
diagnóstico de dengue?
Não. Além do dengue, a "prova do
laço" pode estar positiva em diversas
outras doenças (doença
meningocócica, leptospirose, rubéola
etc) e até em pessoas saudáveis.
Também pode estar negativa nos
casos de dengue, inclusive nos mais
graves ("hemorrágicos"). Não ajuda,
portanto, a concluir se a pessoa está
ou não com dengue ou se o dengue
é mais grave.
Verificar a pressão arterial de uma
pessoa com suspeita de dengue é
um procedimento essencial. No
entanto, manter ocupado o aparelho
de pressão por cinco minutos,
quando multiplicados pelas centenas
de pessoas que podem procurar um
Serviço de Emergência, resulta
apenas em mais demora (inútil) no
atendimento e desconforto
(desnecessário) para os doentes.
12. Quantas vezes uma pessoa
pode ter dengue?
Até quatro vezes, pois existem
quatro tipos diferentes do vírus do
dengue (1, 2, 3 e 4). No Rio de
Janeiro, até agora, existem os tipos
1, 2 e 3. Cada vez que a pessoa tem
dengue por um tipo, fica
permanentemente protegido contra
novas infecções por aquele tipo. É
por isso que só se pode ter dengue
quatro vezes.
13. Quem teve dengue fica com
alguma complicação?
Não. A recuperação costuma ser
total. É comum que ocorra durante
alguns dias uma sensação de
cansaço, que desaparece
completamente com o tempo.
14. Todo mundo que é picado pelo
Aëdes fica doente?
Não. Primeiro é preciso que o Aëdes
esteja contaminado com o vírus do
dengue. Além disso, cerca de
metade das pessoas que são picadas
pelo mosquito que tem o vírus não
apresenta qualquer sintoma.
15. O que fazer para diminuir o
risco de pegar dengue?
O Aëdes aegypti é um mosquito
doméstico, que vive dentro ou nas
proximidades das habitações. O
único modo possível de evitar ou
reduzir a duração de uma epidemia
e impedir a introdução de um novo
tipo do vírus do dengue é a
eliminação dos transmissores. Isso é
muito importante porque, além do
dengue, o Aëdes aegypti também
pode transmitir a febre amarela.
O "fumacê" é útil para matar os
mosquitos adultos, mas não acaba
com os ovos. Por isso, deve ser
empregado apenas em períodos de
epidemias com o objetivo de
interromper rapidamente a
transmissão. O mais importante é
procurar acabar com os criadouros
dos mosquitos. Qualquer coleção de
água relativamente limpa e parada,
inclusive em plantas que acumulam
água (bromélias), pode servir de
criadouro para o Aëdes aegypti.
O viajante (ou o residente em áreas
de transmissão) - principalmente em
períodos de epidemia - deve usar,
sempre que possível, calças e
camisas de manga comprida, e
repelentes contra insetos à base de
dietiltoluamida (DEET) ou picaridina
nas áreas expostas do corpo, não
ultrapassando a concentração
máxima recomendada para cada
substância (repelentes não devem
ser utilizados em crianças com idade
menor que dois meses). Como a
freqüência de uso depende da
concentração, antes de adquirir um
repelente, é importante certificar-se
da concentração de DEET (ou
picaridina) no produto e seguir as
instruções do fabricante. As
concentrações usualmente
recomendadas são de 30% a 35%
(máximo de 50%) para o de DEET e
de 20% para a picaridina. Em
hipótese alguma devem ser
utilizados inseticidas na pele. Em
períodos de epidemia os inseticidas
podem ser empregados nas
habitações durante dia, através de
espirais ou dispositivos elétricos de
liberação prolongada. A utilização de
"mosquiteiros", também durante o
dia, pode ser útil para proteger
crianças de berço ou pessoas que
estejam acamadas.
16. O que pode ser feito para
eliminar o mosquito que pode
transmitir o dengue e a febre
amarela?
Os governantes não devem se omitir
em executar tarefas básicas
fundamentais para o controle da
proliferação do Aëdes aegypti como,
por exemplo, a coleta regular de lixo
(evita que objetos possam servir ao
acúmulo de água) e a implantação
de redes de distribuição de água
potável (evita que as pessoas sejam
obrigadas a manter recipientes
contendo água para consumo na
residência, ou seja, criadouros
potenciais do transmissor).
A população deve fazer a parte que
é possível a ela. Não se deve deixar
objetos que possam acumular água
expostos à chuva. Qualquer
recipiente contendo água (como
caixas d'água) deve ser
cuidadosamente limpo e tampado.
Não adianta apenas trocar a água,
pois os ovos do mosquito ficam
aderidos às paredes dos recipientes.
Portanto, o que pode e deve ser
feito, em casa, escolas, creches e no
trabalho, é:
substituir a água dos vasos das
plantas por terra e esvaziar o
prato coletor, lavando-o com
auxílio de uma escova.
não deixar acumular água nas
calhas do telhado.
não deixar expostos à chuva
pneus velhos ou objetos (latas,
garrafas, tampas de garrafas,
cacos de vidro etc.) que possam
acumular água.
acondicionar o lixo domiciliar em
sacos plásticos fechados ou latões
com tampa.
tampar cuidadosamente caixas
d'água, filtros, barris, tambores,
cisternas etc.
Atualizado em 10/04/2008, 11:39h
* O Cives utiliza a palavra dengue como
substantivo masculino, tal como
registrado na maioria dos textos da
literatura técnica médica desde que a
doença foi descrita no Brasil.
Na primeira versão (1997), Dengue:
Perguntas & Respostas contou com a
colaboração de Káris M. P. Rodrigues &
Sérgio Setúbal
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Créditos: Cives - Centro de
Informação em Saúde para
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