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domingo, 7 de agosto de 2011

TRABALHO ESCOLAR: LITERATURA-ESCRITORES FAMOSOS

Autores do Romantismo
sobre Literatura por Algo Sobre
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O Romantismo foi o estilo literário que
perdurou no Brasil desde 1836 até 1881
(ano da publicação de O Mulato e
Memórias Póstumas de Brás
Cubas ). O primeiro poeta romântico
brasileiro foi Gonçalves de
Magalhães, que publicou Suspiros
Poéticos e Saudades em 1836. Era
marcado por grande subjetividade,
idealização (da mulher e do amor) e
sentimentalismo. Foi a primeira
tentativa consciente de se produzir
literatura verdadeiramente brasileira.
Gonçalves Dias
Orgulhoso de ter o sangue de índios,
negros e brancos em seu corpo,
Antônio Gonçalves Dias nasceu a 10 de
agosto de 1823 no Maranhão e morreu
a 3 de novembro de 1864. Gonçalves
Dias foi um poeta romântico indianista
e bacharel em Direito pela universidade
de Coimbra. Sua poesia trouxe a
admiração da crítica e do rei, que o
nomeou para vários cargos públicos e
lhe permitiu viver mais
confortavelmente, tendo viajado pelo
Norte do Brasil a serviço da corte.
Também fez teatro. Recusado pela
família de sua amada, casou-se com
outra e, doente, viajou a Europa para
se tratar. Quando o governo cortou o
subsídio que lhe concedia em 1864,
decidiu voltar ao Brasil. Na volta, morre
no naufrágio do "Ville de Boulogne"
por estar doente, já que foi
abandonado de cama em estado
deplorável enquanto todos os outros
se salvaram. Alguns de seus poemas
indianistas mais famosos são I-Juca
Pirama e Os Timbiras.
"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá." Canção do
Exílio
"Eu vi o brioso no largo terreiro,
Cantar prisioneiro
Seu canto de morte, que nunca
esqueci:
Valente como era, chorou sem ter pejo;
Parece que o vejo,
Que o tenho nest'hora diante de mi." I-
Juca Pirama
"Por onde quer que fordes de fugida
Vai o fero Itajuba perseguir-vos
Por água ou terra, ou campos, ou
florestas;
Tremei!..." Os Timbiras
Álvares de Azevedo
Manuel Antônio Álvares de
Azevedo nasceu em 1831, um gênio
precoce que já falava francês, inglês e
latim aos 10 anos de idade. Estudava
Direito e participava de altas orgias em
reuniões com outros grandes escritores
românticos como seu amigo Bernardo
de Guimarães. Além do maior poeta
da tendência Mal do Século no Brasil,
Álvares de Azevedo também escreveu
contos e uma peça de teatro
(Macário). Quando entrou na faculdade
de Direito teve um pressentimento que
não completaria o curso ao ver dois
estudantes do quinto ano morrerem na
sua frente. A morte foi uma constante
em sua obra, já que o irmão morreu
prematuramente e ele sentia fortes
dores no peito. De fato, morreu meses
após completar o quarto ano, com
prematuros 20 anos de idade, de um
tumor na fossa ilíaca descoberto após
um acidente de equitação. Dois anos
depois sua obra romântica, dividida
entre Ariel (o bem) e Caliban (o mal),
passou a ser publicada. Foi o maior
poeta brasileiro da tendência do Mal
do Século. Seguem passagens do livro
de contos (Caliban) Noite na
Taverna, uma amostra da poesia Se eu
morresse amanhã (composta dias antes
do acidente) e do livro de poesias Lira
dos Vinte Anos.
"Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!"
" Quando falo contigo, no meu peito
esquece-me esta dor que me consome:
Talvez corre o prazer nas fibras d'alma:
E eu ouso ainda murmurar teu nome!"
Lira dos Vinte Anos
"Pois bem, dir-vos-ei uma história. Mas
quanto a essa, podeis tremer a gosto,
podeis suar a frio da fronte grossas
bagas de terror. Não é um conto, é
uma lembrança do passado." Noite na
Taverna
"A mulher recuava... Recuava. O moço
tomou-a nos braços, pregou os lábios
nos dela... Ela deu um grito, e caiu-lhe
das mãos. Era horrível de ver-se. O
moço tomou o punhal, fechou os
olhos, apertou-os no peito, e caiu
sobre ela. Dois gemidos sufocaram-se
no estrondo do baque de um corpo..."
Noite na Taverna
"Mais claro que o dia. Se chamas o
amor a troca de duas temperaturas, o
aperto de dois sexos, a convulsão de
dois peitos que arquejam, o beijo de
duas bocas que tremem, de duas vidas
que se fundem tenho amado muito e
sempre! Se chamas o amor o
sentimento casto e poro que faz cismar
o pensativo, que faz chorar o amante
na relva onde passou a beleza, que
adivinha o perfume dela na brisa, que
pergunta às aves, à manhã, à noite, às
harmonias da música, que melodia é
mais doce que sua voz, e ao seu
coração, que formosura há mais divina
que a dela-eu nunca amei. Ainda não
achei uma mulher assim. Entre um
charuto e uma chávena de café
lembro-me às vezes de alguma forma
divina, morena, branca, loira, de
cabelos castanhos ou negros. Tenho-as
visto que fazem empalidecer-e meu
peito parece sufocar meus lábios se
gelam, minha mão se esfria..." Macário
"Esse amor foi uma desgraça. Foi uma
sina terrível. Ó meu pai! ó minha
segunda mãe! ó meus anjos! meu céu!
minhas campinas! É tão triste morrer!"
Macário
Junqueira Freire
O monge beneditino Luís José
Junqueira Freire (1832-1855)
permaneceu enclausurado até 1854,
atormentado pela falta de vocação e
com uma sexualidade latente e
reprimida. Seus poemas mostram um
jovem angustiado, incapaz de seguir a
vida religiosa e que vê na morte a
única fuga (Evasão na Morte,
característica típica da poesia Mal do
Século).
"Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!"
Joaquim de Sousândrade
Joaquim de Sousa Andrade (1833-1902)
era um republicano e abolicionista
convicto e militante, que morou em NY
e mais tarde foi professor. Morto, sua
obra foi esquecida e só na década de
1960 foi resgatada. Usou inovações
como a criação de neologismos e
metáforas, valorizadas só mais tarde.
Segue aqui uma citação deste que é
um dos menos conhecidos dos poetas
românticos brasileiros, apesar de
segundo apenas a Castro Alves na
poesia social.
"Desde a noite funérea de tristeza
Heleura está doente. Ara, morrendo,
Nunca perdera as cores do semblante,
Um formoso defunto: "Vivo! Vivo!"
Gritava a filha p'ra que não o levassem:
"Vivo! Vivo!" Prenúncios maus, diziam."
Casimiro de Abreu
Comerciante, Casimiro José Marques
de Abreu nasceu em 4 de Janeiro de
1839 no município de Barra de São
João (que atualmente leva seu nome),
levou vida boêmia e morreu
tuberculoso em 18 de outubro de 1860,
três anos após voltar de Portugal, onde
estava a negócios. Sua poesia não foi
muito inovadora, sendo considerado
mais ingênuo dos românticos.
Conhecido como "poeta da infância",
fala muito da inocência perdida, como
mostra a passagem abaixo. Um dos
motivos de sua nostalgia era a
intransigência do pai, que o obrigou a
se tornar comerciante ao invés de lhe
permitir ser poeta.
"Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!"
Fagundes Varela
Luís Nicolau Fagundes Varela
(1841-1875) foi um poeta romântico
inspirado pelo byronismo. Boêmio, este
estudante de direito que nunca conclui
o curso perdeu seu filho ainda novo e
da esposa o leva mais fundo à boêmia.
Casando-se de novo, muda-se para
Niterói e falece, alcoólatra e
mentalmente desequilibrado.
Considerado o menos ingênuo dos
românticos, a perda do filho
influenciou muito sua obra, sendo o
Cântico do Calvário indicação disto.
Segue uma passagem.
"Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústia
conduzia
O ramo da esperança. - Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno
cintilava
Apontando o caminho ao pergueiro."
Castro Alves
Antônio Frederico de Castro Alves
nasceu a 14 de março de 1847 na
cidade que hoje leva seu nome e
morreu tuberculoso a 6 de julho de
1871. Tinha 15 anos quando se
matriculou no curso de Direito em
Recife, onde iniciou sua carreira
poética, escrevendo poesia lírica e
social (a social sendo a que mais o
consagrou) a favor da abolição da
escravatura, sendo por isso chamado
de Poeta dos Escravos. Sua poesia lírica
era menos idealizada que a de seus
contemporâneos românticos,
apresentando uma mulher mais
sensual menos idealizada.
Entusiasmou-se pelo teatro e casou-se
com uma atriz chamada Eugênia
Câmara, dez anos mais velha, que o
abandonou mais tarde. Tempos depois
do casamento, atira contra o próprio
pé em uma caçada e tem o membro
amputado. As caçadas tiveram sua
origem justamente como escapatória
das constantes brigas que o casal tinha
começado a ter quando se mudaram
para São Paulo. Mas após este infeliz
acidente ainda pôde andar, ainda que
com o auxílio de uma bengala e um pé
de borracha. Em 1870 publica Espumas
Flutuantes na Bahia, sua única obra
poética publicada em vida. O que
segue é uma passagem de seu célebre
Navio Negreiro, parte de sua obra
publicada postumamente em Os
Escravos.
"Eras um sono dantesco... O
tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar,
Tinir de ferros... Estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a
noite
Horrendos a dançar" Os Escravos
Gonçalves de Magalhães
Domingos José Gonçalves de
Magalhães (1811-1882) nasceu em
Niterói, RJ, e morreu em Roma.
Formou-se em Medicina, trouxe e
divulgou o Romantismo no Brasil após
sua viagem à Europa. Fez poesia
religiosa e indianista (estas o últimas o
levaram a grande polêmica com José
de Alencar). Não era um grande poeta
e é considerado um poeta importante
apenas pela introdução do
Romantismo com seu livro Suspiros
poéticos e saudades.
Tobias Barreto
Tobias Barreto de Meneses
(1839-1889), além de filósofo, ensaísta,
jurista, crítico, polemista, educador e
político foi também um dos maiores
nomes da poesia social brasileira.
Quando estudante, participava de
polêmicas célebres com Castro Alves.
Brilhante, aos 15 anos ensinava latim.
Aos 20 ia tornar-se padre, mas foi
expulso do seminário por boemia e
indisciplina. No Recife onde morreu foi
catedrático da Faculdade de Direito.
Seu único livro de versos publicado foi
Dias e Noites.
Martins Pena
Luís Carlos Martins Pena (5/11/1815 -
7/12/1848) morreu jovem em Lisboa,
tendo escrito no período 28 peças
teatrais. Quando jovem, estudou Belas
Artes e aprendeu mais sobre o teatro.
Mais tarde trabalhou como censor
teatral, aprendendo ainda mais sobre
sua arte. Apesar de ter escrito sua
primeira peça, O Juiz de Paz da Roça,
em 1833, ela só foi encenada 5 anos
mais tarde, pela trupe de João
Caetano, então um dos mais
importantes atores brasileiros. Apesar
de ter tentado fazer teatro histórico
(gênero bem-sucedido no Romantismo
europeu), foi como comediógrafo que
mais se destacou; entre 1844 e 1846
escreveu 17 peças cômicas, criando o
teatro de costumes brasileiro. É
comparado por alguns críticos com
Manuel Antônio de Almeida, por
fazer algo próximo de um Realismo
ingênuo. Sua obra mais importante é O
Noviço.
"E vós, senhoras, esperai da justiça dos
homens o castigo deste malvado (Para
Carlos e Emília:) E vós, meus filhos,
sede felizes, que eu pedirei para todos
(ao público) indulgência!" O Noviço
Bernardo Guimarães
Mineiro, Bernardo Guimarães foi juiz,
jornalista e professor. Atuou como juiz
em Catalão, onde tomou a polêmica
medida de libertar presos que
abarrotavam a cadeia municipal. Vivia
em um grande desleixo, como atestam
pessoas que o visitavam. Como
professor também não era
competente, tendo sido despedido por
sua falta de assiduidade e
competência. Ele pretendia, junto com
Álvares de Azevedo, instalar a
boêmia byroniana em São Paulo.
Tornou-se célebre principalmente por
sua famosa obra A Escrava Isaura,
que foi adaptada para filme, teatro e
televisão.
"As linhas do perfil desenhavam-se
distintamente entre o ébano da caixa
do piano, e as bastas madeixas ainda
mais negras do que ele. São tão puras
e suaves estas linhas, que fascinam os
olhos, enlevam a mente, e paralisam
toda análise. A tez é como o marfim do
teclado, alva que não deslumbra,
embaraçada por uma nuança delicada,
que não sabereis dizer se é leve palidez
ou cor-de-rosa desmaiada. O colo
donoso e do mais puro louvor sustenta
com graça inefável o busto
maravilhoso. Os cabelos soltos e
fortemente ondulados se despenham
caracolando pelos ombros em espessos
e luzidios rolos, e como franjas negras
escondiam completamente o dorso da
cadeira, a que se achava recostada." A
Escrava Isaura
"Pobre Isaura! - disse Álvaro com a voz
comovida, estendendo os braços à
cativa. - Chega-te a mim... Eu protestei
no fundo de minha alma e por minha
honra desafrontar-te do jugo opressor
e aviltante, que te esmagava, porque
via em ti a pureza de um anjo, e a
nobre e altiva resignação de um mártir.
Foi uma missão santa, que julgo ter
recebido do céu, e que hoje vejo
coroada do mais feliz e completo
resultado. Deus enfim, por minhas
mãos vinga a inocência e a virtude
oprimida, e esmaga o algoz." A Escrava
Isaura
Manuel Antônio de Almeida
Escritor romântico de transição para o
Realismo, Manuel Antônio de Almeida
(1831-1861) se formou em Medicina
mas era jornalista por excelência. Um
de seus empregos antes do jornalismo
foi assistente de tipógrafo. Só escreveu
uma obra, que foi em vida assinada
anonimamente por ele apenas como
"Um Brasileiro". Este pseudônimo
indicava que ele possivelmente não
continuaria a carreira literária. Morreu
tragicamente aos 30 anos de idade, no
naufrágio do navio Hermes, enquanto
fazia campanha para deputação
federal. Seguem algumas passagens
desta obra, Memórias de um
Sargento de Milícias.
"O compadre compreendeu tudo: viu
que o Leonardo abandonava o filho,
uma vez que a mãe o tinha
abandonado, e fez um gesto como
quem queria dizer: - Está bom, já
agora... Vá; ficaremos com uma carga
às costas." Memórias de um Sargento
de Milícias
"Passado o tempo indispensável de
luto, o Leonardo, em uniforme de
Sargento de Milícias, recebeu-se na Sé
com Luisinha, assistindo à cerimônia a
família em peso." Memórias de um
Sargento de Milícias
Joaquim Manuel de Macedo
Joaquim Manuel de Macedo
(1820-1882) nasceu no RJ e formou-se
médico. Fundou a revista Guanabara
com Gonçalves Dias, foi redator de
revista, secretário, orador do Instituto
Histórico, político e professor. Amigo
do imperador, tornou-se preceptor dos
filhos da princesa Isabel. Um dos
primeiros românticos, provavelmente o
mais puramente romântico de todos
na prosa, produziu diversos livros entre
os quais os mais célebres são A
Moreninha (que escreveu ainda muito
jovem, com apenas 20, 21 anos de
idade e lhe deu fama imediata), O
Moço Loiro e A Luneta Mágica.
"No dia 20 de julho de 18... Na sala
parlamentar da casa nº... Da rua de...,
sendo testemunhas os estudantes
Fabrício e Leopoldo, acordaram Felipe
e Augusto, também estudantes, que, se
até o dia de 20 de agosto do corrente
ano, o segundo acordante tiver amado
a uma só mulher durante quinze dias
ou mais, será obrigado a escrever um
romance em que tal acontecimento
confesse; e, no caso contrário, igual
pena sofrerá o primeiro acordante. Sala
parlamentar, 20 de julho de 18... Salva
a redação." A Moreninha
"Achei minha mulher!... Bradava
Augusto; encontrei minha mulher!...
Encontrei minha mulher!..." A
Moreninha
Franklin Távora
João Franklin da Silveira Távora
(1842-1888) nasceu no Ceará mas viveu
em Pernambuco, onde se formou em
Direito, e, a partir de 1874, viveu no Rio
e Janeiro. Foi deputado estadual em
Pernambuco e funcionário da
Secretaria do Império no Rio. Foi além
de contista e romancista um grande
historiador, e como morreu pobre, o
Instituo Histórico e Geográfico
Brasileiro do qual fazia parte deu uma
pensão a sua viúva e filho. Parte de sua
obra de historiografia foi destruída no
final de sua vida pelo próprio autor,
que sentia-se abandonado e miserável.
Franklin Távora criou a "literatura do
Norte", como ele mesmo batizou no
prefácio de O Cabeleira. Embora tenha
atacado José de Alencar no começo
da carreira, ele se arrependeu depois.
Távora é um romântico pré-naturalista.
mantendo poucas características do
Romantismo mas não se
desvencilhando totalmente deste. Entre
as obras que fazem parte desta
literatura do Norte destacam-se O
Cabeleira e O Matuto.
"Pela sua organização, pelos seus
predicados naturais, o Cabeleira não
estava destinado a ser o que foi, nós o
repetimos. Os maus conselhos e os
péssimos exemplos que lhe foram
dados pelos desnaturado pai
converteram seu coração, acessível em
começo, ao bem e ao amor, em um
músculo bastardo que só pulsava por
fim a paixões condenadas." O Cabeleira
"Morro arrependido de meus erros.
Quando caí nos braços da justiça, meu
braço era já incapaz de matar, porque
eu já tinha entrado no caminho do
bem." O Cabeleira
José de Alencar
Escritor, político e advogado, José
Martiniano de Alencar nasceu a 1º de
maio de 1829 no Ceará e morreu de
tuberculose aos 48 anos no Rio de
Janeiro, em 12 de dezembro de 1877.
Fez curso de Humanidades no RJ e
formou-se em Direito em SP, onde foi
colega de aula de Álvares de
Azevedo e Bernardo Guimarães. Foi
ministro da Justiça (1868-1870) e
Senador do Império. Um de seus
descendentes foi o Presidente
Humberto de Alencar Castelo Branco. É
considerado o maior escritor romântico
brasileiro, tendo criado obras
regionalistas, sociais e indianistas.
Neste último estilo, que criou junto
com Gonçalves Dias, enquadra-se O
Guarani, que inspirou a célebre ópera
de Carlos Gomes. Alencar foi também
poeta e teatrólogo. Entre seus maiores
romances estão O Guarani, Ubirajara,
Iracema, Senhora, A Pata da
Gazela, Diva, Lucíola, As Minas de
Prata, A Viuvinha, Cinco Minutos,
Til, O Gaúcho, O Sertanejo,
Encarnação, Sonhos d'Ouro e O Tronco
do Ipê.
"Aurélia amava mais seu amor, do que
seu amante; era mais poeta do que
mulher; preferia o ideal ao homem."
Senhora
"As cortinas cerraram-se, e as auras da
noite, acariciando o seio das flores,
cantavam o hino misterioso do santo
amor conjugal." Senhora
"Iracema, a virgem dos lábios de mel,
que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longo que seu
talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como sue
sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado."
Iracema
"Pousando a criança nos braços
paternos, a desventurada mãe
desfaleceu, como a jetica, se lhe
arrancam o bulbo. O esposo viu então
como a dor tinha consumido seu belo
corpo; mas formosura ainda morava
nela, como o perfume na flor caída do
manacá." Iracema
"Poucos homens conheciam como
Horácio o coração da mulher; porque
bem raros o teriam estudados com
tamanha assiduidade. O mais sábio
professor ficaria estupefato da lucidez
admirável, com que o leão costumava
ler nesse caos da paixão, que a
anatomia chamou coração de mulher."
A Pata da Gazela
" É verdade! Murmurou soltando uma
fumaça de charuto. O leão deixou que
o cerceassem as garras; foi esmagado
pela pata da gazela." A Pata da Gazela
"Podia dar-lhe outra resposta mais
breve, e dizer-lhe simplesmente que
tudo isto sucedeu porque me atrasei
cinco minutos." Cinco Minutos
"Calando-me naquela ocasião, prometi
dar-lhe a razão que a senhora exigia; e
cumpro o meu propósito mais cedo do
que pensava. Trouxe no desejo de
agradar-lhe a inspiração; e achei
voltando a insônia de recordações que
despertara a nossa conversa. Escrevi as
páginas que lhe envio, às quais a
senhora dará um título e um destino
que merecem. É um 'perfil de mulher'
apenas esboçado." Lucíola
"Quis pintar-lhe o que vi: a incubação
de uma alma violentamente
comprimida por uma terrível
catástrofe; a vegetação de um corpo
vivendo apenas pela força da matéria e
do instinto; a revelação súbita da
sensibilidade embotada pelos choques
violentos que partiram o estame de
uma infância feliz; a floração tardia do
coração confrangido pelo escárnio e
pelo desprezo; finalmente a energia e o
vigor do espírito que surgia, soltando
por misteriosa coesão os elos partidos
da vida moral, e continuando no futuro
a adolescência truncada." Lucíola
"Porque nasci para esta vida nova. Oh!
Tu não sabes... Depois que reabilitei o
nome de meu pai e o meu, ainda me
faltava uma condição para voltar ao
mundo. [...] A tua felicidade, o teu
desejo. Se tivesses esquecido do teu
marido para amar-me sem remorso e
sem escrúpulo, eu estava resolvido... a
fugir-te para sempre!" A Viuvinha
" A Emília, de quem eu te falo, não
existiu para ninguém mais senão para
mim, em quem ela viveu e morreu. A
Emília, que o mundo conhecera e já
esqueceu talvez, foi a moça formosa,
que atravessou os salões, como a
borboleta, atirando às turbas o pó
dourado de suas asas. A flor, de que
ela buscava o mel, não viçava ali, nem
talvez na terra." Diva
" Não sei!... Respondeu-me com
indefinível candura. O que sei é que te
amo!... Tu não é só o arbítrio supremo
de minha alma, és o motor de minha
vida, meu pensamento e minha
vontade. És tu que deve pensar e
querer por mim... Eu?... Eu te pertenço;
sou uma cousa tua. Podes conservá-la
ou destruí-la; podes fazer dela tua
mulher ou tua escrava!... É o teu direito
e o meu destino. Só o que tu não
podes em mim, é fazer que eu não te
ame!..." Diva
Visconde de Taunay
O Visconde Alfredo d'Escragnolle
Taunay foi um militar e político, tendo
escrito o romance de transição para o
Naturalismo Inocência e a obra em
francês Retirada de Laguna. Foi
também um dos fundadores da
Academia Brasileira de Letras; quando
aconteceu a proclamação da República
tomou desgosto da política e retirou-
se da vida pública.
"À medida que as suspeitas sobre as
intenções do inocente Meyer iam
tomando vulto exagerado, nascia
ilimitada confiança naquele outro
homem que lhe era também
desconhecido e que a princípio lhe
causara tanta prevenção quanto o
segundo." Inocência.
"Inocência, coitadinha...
Exatamente neste dia fazia dois anos
que o seu gentil corpo fora entregue à
terra, no imenso sertão de Santana do
Paranaíba para aí dormir o sono da
eternidade." Inocência

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